Fotografia: novas variáveis, novas possibilidades

reprodução fotográfica de obra de arte / artwork reprodution.

Os primeiros e-commerces, ou apenas comércios eletrônicos, surgiram lá nos anos 1990. No começo, como qualquer novidade, poucas pessoas tinham acesso, boa parte nem computador ou internet tinha, e, como costuma acontecer com tudo que é novo, as dúvidas e inseguranças prevaleciam. Com o desenvolvimento da internet e sua popularização comprar em lojas on-line tornou-se algo corriqueiro e sem mistérios e hoje, inclusive por meio dos aplicativos para celular, podemos comprar, literalmente, qualquer coisa.

Sempre achei fascinante pessoas mais velhas que, para o bem e para o mal, atravessaram o tempo e puderam acompanhar as transformações no mundo, nem tudo são flores, mas testemunhar avanços importantes para a humanidade, se olharmos pelo prisma positivo, chega a ser mesmo um privilégio. Neste momento preciso confessar algo: eu fiz o famigerado colegial técnico (sim, sou dessa época!) em Processamento de Dados. Eu espero ainda ter um longo caminho pela frente, mas posso dizer que, de alguma maneira, fiz a passagem do mundo ‘analógico’ para o ‘digital’ e lá na segunda metade dos 90’s eu já me arriscava na produção de sites. Claro que eram para “consumo próprio”, basicamente site de fã da minha banda favorita da época, mas logo cedo já pude me familiarizar com as novas tecnologias.

Com a fotografia não foi diferente. Aprendi a fotografar com filme – tanto em casa para os álbuns de família como na minha primeira graduação – e testemunhei o aparecimento da fotografia digital. Minha primeira câmera digital foi uma Canon PowerShot A300, 3.2 megapixel. A qualidade estava bem longe dos padrões atuais, mas se levarmos em consideração que essa câmera foi fabricada em 2003 (não foi a primeira digital da Canon, mas está bem no início, a EOS D30 – 3.1 megapixel -, essa sim a primeira SLR, foi lançada em 2000) podemos ver que em menos de 20 anos houve um salto considerável de qualidade.

 

Fotografia Fine Art

 

Ana, por que você está falando sobre isso? Porque agora vou colocar na conversa um lugar que surgiu a partir dessa revolução tecnológica: a Galeria de Gravura. Ela foi o primeiro e-commerce de arte do Brasil. Fundada em 2003 foi o primeiro comércio eletrônico de gravuras originais, aliando o conhecimento em artes à internet. Atualmente, além das gravuras (produzidas artesanalmente pelos artistas nas técnicas tradicionais de gravura) a galeria também comercializa fotografias e obras produzidas digitalmente, ambas impressas em Fine Art.

 

Fotografia Fine Art

Foto: Filipe Berndt – Vista interna Galeria de Gravura – São Paulo

 

E a história não para por aí. Assim como as tecnologias evoluíram a Galeria de Gravura também cresceu e se desenvolveu. Uma de suas filhas é a Editora de Gravura, um braço voltado para a execução de projetos especiais: impressão de obras em Fine Art,  montagem de exposições e produção de livros de artista, cursos, oficinas e produção de conteúdo. E como se não bastasse tudo isso ainda produzem cerveja! Vale muito a pena navegar pelo site e redes sociais para conhecer as obras, artistas e os diversos serviços oferecidos.

 

Fotografia Fine Art

Editora de Gravura

 

Com a profusão de imagens e estímulos do mundo atual é preciso repensar estratégias para se diferenciar e atrair a atenção do público. Mais do que comunicar e vender é preciso associar aos produtos e serviços oferecidos valores que vão muito além da qualidade ou aparência. Cada vez mais as marcas estão apostando na capacidade da arte de transmitir esses valores para seu público alvo. No último dia 15 a revista Veja publicou uma matéria sobre a produção de murais nas empenas cegas de prédios na capital paulista. São parcerias criadas entre artistas, produtores, empresas e os prédios que recebem essas obras. Cada mural pode chegar ao custo de R$ 200.000,00, que inclui desde tintas e equipamentos até as melhorias realizadas nos edifícios. Os resultados são: prédio cuidado, cidade mais bonita, visibilidade para o artista e valorização da empresa patrocinadora da obra.

 

Fotografia Fine Art

Mural assinado pelo grafiteiro Pardal, na Avenida Rio Branco: pago por empresa e feito em setembro (Marcelo Sonohara/Veja SP)

 

Outra novidade é o MIS Experience, espaço do Museu da Imagem e do Som (MIS) para exposições imersivas e interativas. Conforme reportagem da revista Época Negócios, o investimento feito foi de R$ 8,5 milhões vindos da iniciativa privada. Com a abertura em 02/11/2019, todo o recurso necessário para adequar o espaço e montar a exposição “Leonardo da Vinci – 500 Anos de um Gênio”, em cartaz até 01/03/2020, veio de seis patrocinadores, 100% com verbas de marketing.

 

Fotografia Fine Art

Museu da Imagem e do Som (MIS) (Foto: Divulgação)

 

Foi na Galeria de Gravura que tive o meu primeiro contato com a impressão Fine Art. Foi durante uma oficina que pude aprender sobre essa então nova técnica, os papéis, equipamentos utilizados e sua importância principalmente para a fotografia e obras digitais, foi a partir daí que pude entrar em contato com as várias possibilidades que essa nova tecnologia trazia. Os meios de aprendizagem também evoluíram de lá pra cá. Atualmente o grupo oferece dois cursos fundamentais para artistas e demais interessados: Impressão Fine Art e Art Business. Ambos com inscrições abertas (não perca tempo!), online, com material de apoio e ministrados por professores super qualificados. Transmitir conhecimento e auxiliar no processo de formação de artistas e demais profissionais das artes é uma maneira de ir além da venda e oferecer produtos e serviços com muito mais valores agregados.

No post passado falamos sobre a missão prometeica da fotografia e algumas previsões. A chegada do digital também provocou uma série de profecias sobre o fim da fotografia. As câmeras foram ganhando potência e a possibilidade de imprimir uma cópia com qualidade e longevidade afastou os maus agouros, temporariamente. A nova ‘ameaça’ são os smartphones e mais precisamente a nuvem em detrimento das fotos impressas. Eu gostaria de desenvolver mais esse assunto, mas, por enquanto, vamos ficar com o exemplo inspirador da Galeria de Gravura, e filhas, de que é totalmente possível utilizar a chegada de novas variáveis a nosso favor e, assim como Prometeu, espalhar o conhecimento entre as pessoas.