Precificação de fotografia autoral e obra de arte

Precificar uma obra de arte é quase que uma ciência. Muito do seu valor está em variáveis subjetivas. A arte de um artista nunca tem o mesmo valor que a arte de outro artista, mesmo que sejam produzidas na mesma técnica e tenha a mesma dimensão.

E por que isso acontece?

São muitos fatores que podem levar obras parecidas a valores totalmente diferentes, porém é possível chegar a um valor base para ambas. Inicialmente a arte funciona como um produto. Como todo produto tem um valor de custo mínimo.

E com esse texto vamos analisar o custo base de uma obra de arte levando em considerações itens que conseguimos precificar.

O primeiro item é até básico. O custo do material. Por exemplo, para um quadro, o valor do chassis, o valor médio das tintas, o canvas, etiqueta interna. Se é uma gravura, o valor do papel, da chapa de ferro ou hora de estúdio. Para uma Fine Art o valor da pré-produção + impressão. Temos que mapear todos os materiais e somar.

Em seguida podemos pensar no tempo gasto para produzir a obra. Nós gastamos 4, 5 16, 25 horas? Pensa quanto custa sua hora e multiplica pelo número de horas. Assim já temos o tempo de trabalho de produção.

É legal também considerar, talvez até de maneira independente, o tempo de pesquisa, planejamento e preparação para produção da obra. Nessa conta você também pode incluir quanto tempo gastou para comprar o material.

Nós temos que mapear todos os pontos possíveis na produção de uma arte.

Outro valor fácil de mapear é o transporte e embalagem para obras que foram para uma exposição. Mesmo que não sejam vendidas gerou um custo que tem que ser repassado para o valor da obra.

Um valor que as pessoas nunca pensam em adicionar a produção é o conjunto de valores fixo para uma operação acontecer. Por exemplo, você tem seu atelier e gastou uma semana para produzir um quadro. Nesse caso, uma semana representa 25% das contas em geral. Faça a soma de 25% da conta de internet, luz, água e de aluguel. A casa pode ser até do artista, porém é bom calcular um valor mesmo que mínimo de aluguel. Está ai um conjunto mínimo de custos para a operação de produção.

Com esses valores definidos nós já temos o custo final da obra de arte. Mas esse valor é custo, é aquele que se representa 1000 e a gente vende a arte por 980 já estamos perdendo. É o valor mínimo para ser vendido algo que não cause prejuízo.

Agora podemos pensar nos valores subjetivos.

Não é fácil chegar a alguns valores devido sua abstração, de qualquer forma vale a pena pensar neles separadamente e ir incluindo em nossa conta.

Primeiro podemos pensar em quão famoso somos. Pessoas muito conhecidas tendem a ter um valor de mercado maior do que pessoas pouco conhecidas. Leve em conta essa questão.

Vale a pena uma boa pesquisada sobre o quanto artistas que estão meio que na mesma categoria que você está cobrando. Procure galerias e artistas que tem uma pesquisa e produção parecidas com a sua.

Sempre vale considerar o tamanho da obra. Obras maiores têm valores mais altos.

Um fator importante para considerar é a demanda pelo trabalho. Você tem muita procura pelo seu trabalho ou não? Quanto maior a demanda de clientes maior o valor.

Eu sempre sugiro que a pessoa defina um preço justo pra ela além dos custos. Esse valor pode ser definido a partir  das próprias necessidades financeiras da pessoas, porém tem que ter os pés no chão. Não adianta possuir uma auto estima nas nuvens e não conseguir os resultados  almejados. A gente tem que ser realista quanto a nosso valor.

É bem importante levar em conta o tipo de comprador que você está buscando. Um cliente mais na linha da decoração vai pagar bem menos do que um colecionador, porém o produto do colecionador é bem diferente do produto para quem só deseja decorar a casa. Tem que levar em conta o tipo de cliente que você deseja e produzir algo condizente com esse público.

Outro fator determinante no valor de uma obra de arte é o tipo de técnica utilizada. Não é regra, porém as obras como pinturas são mais caras que as gravuras que possuem tiragem. O desenho é mais caro que a Fine Art. Quando comparamos as obras de um mesmo artista. Porque é comum a gente encontrar uma gravura de determinado artista mais caro que a pintura de outro.

E por último o valor de custo de venda. Foi você que vendeu? Adiciona 15% de venda ou foi vendida por terceiros como galerias, espaços de arte ou em uma exposição, então separa o valor da comissão. O mercado gosta de cobrar de 20% a 50% de comissão em cima do valor final da obra. Tudo vai depender do empenho e os custos de quem está vendendo.

Lembre-se de que o preço da obra pode mudar ao longo do tempo à medida que sua carreira como artista evolui e sua história aumenta. Saiba valorizar e pense em um aumento gradual da sua arte para os próximos anos. Faça uma projeção realista e crie tarefas com metas para alcançar seus objetivos. Pense a médio e longo prazo e como o valor da sua arte pode evoluir no decorrer dos anos.