Quem se interessa por tecnologia e arte, se ainda não experimentou, já deve ter se deparado com imagens produzidas por IA no aplicativo Midjourney. A utilização da ferramenta levantou algumas polêmicas e reflexões. Se você ainda não usou, abaixo trazemos um breve tutorial.
O Midjourney é uma ferramenta que utiliza inteligência artificial (IA) para produzir imagens. Ela roda dentro do Discord (plataforma de comunicação instantânea como o Skype muito popular entre os gamers, mas que já alcança um público maior e mais variado) e tudo o que você precisa fazer é digitar uma breve descrição da imagem desejada.
O primeiro passo, caso ainda não possua, é criar uma conta no Discord. Você utlizará essa conta para criar seu perfil no Midjourney, a conta de avaliação do Midjourney permite fazer 25 buscas, ou seja, solicitar 25 imagens (incluindo variações e aumento de resolução). Quando terminar a cota, será necessário aderir a um plano pago para continuar a utilização. As imagens produzidas no Discord também ficam disponíveis no seu perfil no Midjourney.
No Discord, basta entrar no servidor oficial do Midjourney, utilize o link: Servidor Midjourney, e procure os canais newbies (23, 53 ou 83), entre em um deles e na barra de mensagem digite o comando /imagine dê enter e no campo prompt digite o texto, em inglês, com a descrição da imagem. Para a criação dos exemplos mostrados aqui utilizei: retro psychedelic poster of the last human on planet Earth.
No exemplo utilizei o canal newbies-83
Na barra Conversar adicione o comando /imagine e dê enter
No campo prompt digite o texto sobre a imagem
Não há uma “receita” para a frase, mas podemos dizer que o nível de detalhe pode interferir no grau de abstração da imagem devolvida. É possível usar referências de estilos de artistas, filmes, fotografia, literatura e o que mais sua imaginação quiser.
Aguarde um pouco enquanto suas imagens são produzidas. Ele trará 4 opções e você poderá pedir variações (V) ou fazer o upscale (U), vale lembrar que cada solicitação é descontada das 25 gratuitas e todas elas ficam disponíveis na sua página do Midjouney, onde é possível salvar, sem marcas d’água, e consultar o prompt, por exemplo.
Este foi o primeiro conjunto que o Midjourney criou, compare com a imagem de destaque do post, que foi a última, depois que algumas variações foram feitas.
Perfil no site Midjourney
Este foi um breve tutorial para quem quiser dar os primeiros passos com essa ferramenta. De início, parece ser complicado, mas com esse primeiro contato as coisas ficarão menos intimidadoras e os próximos passos serão descobrir os vários recursos oferecidos pelo Midjourney.
Algumas reflexões
Quando fiz esse teste com o Midjourney eu publiquei um texto no LinkedIn com algumas reflexões e vale a pena reproduzir aqui, confiram.
Midjourney e o futuro do trabalho
Midjourney é uma ferramenta que utiliza inteligência artificial para gerar imagens. Ela roda dentro do Discord e consiste, basicamente, em você passar algumas informações (via texto) sobre o que se quer/imagina e ela devolve algumas imagens em resposta.
Ao se cadastrar, você cria um perfil no site, que é também uma comunidade, e as imagens geradas no Discord ficam disponíveis na sua página e é possível salvar e compartilhar, sem marcas d’água e afins, mesmo com a versão gratuita (25 gratuitas, mas existem planos pagos).
É bem provável que você já tenha se deparado com essas imagens pelas redes sociais, para quem se liga aos temas de tecnologia é quase certeza, é uma febre. A ferramenta é muito interessante e produz resultados impressionantes, principalmente no caso de cenários fantásticos.
E como costuma acontecer, logo levantaram a questão: seria o fim para artistas, ilustradores, designers e afins?
Esse “mito” da máquina substituir seres humanos já é antigo, mas agora ele acabou por atingir uma esfera que até então conseguia manter-se mais ou menos incólume: a arte. E aqui podemos acrescentar, às artes visuais, literatura e música.
Temos essa tendência de privilegiar ‘A em detrimento de B’ mais do que pensar nos benefícios de A+B. No caso das tecnologias já pensamos “automaticamente” na dispensa dos humanos. Precisamos incutir a ideia de que inovações tecnológicas são ferramentas para nosso auxílio e disso depende também, em grande medida, o futuro do trabalho.
Esse é um terreno bastante acidentado, pois coloca em evidência – ou, pelo menos, deveria colocar–, as desigualdades sociais. Desigualdades essas produzidas, não pela tecnologia, mas pelo atual modo de vida. Para quem está dentro dos 35 milhões de brasileiros e brasileiras que passam fome, AI, NFT, Web3, 5G, etc. são siglas totalmente sem importância e com toda razão.
Pensar no futuro do trabalho passa, inevitavelmente, por imaginar um novo modo vida, uma nova organização de sociedade. Não existe solução simples. Mudanças estruturais envolvem poder, envolvem política. Por isso não acreditem quando disserem nesta rede que “aqui não é lugar de política”, tudo é política.
Aplicativos como Midjourney tornarão artistas obsoletos? Minha resposta é não. Para mim essas ferramentas são pontos de partida. São grandes bancos de dados que aprendem com a gente. São bibliotecas que podem fornecer N referências. Eu posso até morar na Florestan Fernandes (biblioteca da FFLCH), mas sem a minha intervenção, minha leitura, interpretação e capacidade de produzir novas reflexões ela será apenas um amontoado de livros.
O toque humano (em todos os sentidos) sempre será necessário.
