Mercado Fine Art e caminhos possíveis

Mercado fine art
Dollar Sign, Andy Warhol - Sothebys

Uma das dúvidas mais recorrentes para artistas em início de carreira é como entrar no mercado fine art. Dúvida essa mais do que justificada porque a verdade é que não existe uma fórmula infalível para isso. Uma coisa é certa: é necessário ter a certeza de que este é o caminho que se deseja percorrer. Serão anos de estudo, dedicação (tempo e dinheiro), prática e muitos nãos pela estrada. Sem essa certeza e muita persistência desistir, depois de um tempo, aparece como a única opção existente.

No episódio “Mon and Pop Art” (s10ep222 – no Brasil ficou “Mamãe e a arte de papai”) Homer, como sempre, faz uma grande confusão ao tentar montar uma churrasqueira. Quando descarta a bagunça é “descoberto” e da noite para o dia se transforma em um grande artista plástico, o que desperta o ciúme de Marge, que sempre sonhou em ser artista. Como esperado, o “encanto” acaba e a carreira de Homer também. Sabemos que é muito difícil isso acontecer fora do cartoon, tornar-se artista não é uma tarefa tão simples para a maioria dos mortais.

Estamos em um contexto delicado. Não podemos fingir que a crise provocada pela pandemia não está entre nós e com ela uma série de incertezas. Em maior ou menor grau todos somos afetados e com a arte não poderia ser diferente. Foi necessário encontrar alternativas para conseguir alcançar espectadores e colecionadores e tentar minimizar perdas e prejuízos. Mas o que pandemia ressalta, e muito, é algo que já deveríamos ter em mente, mas acabamos por esquecer: não podemos controlar tudo.

Mas existem algumas coisas que dependem da gente. Um indivíduo não tem o poder de erradicar a covid-19, mas pode fazer a sua parte com as medidas de prevenção. Da mesma maneira não controlamos o mercado, mas podemos tomar algumas iniciativas que possam fortalecer e valorizar nosso trabalho e assim possibilitar a nossa entrada no mercado fine art. É sobre essas iniciativas que iremos falar.

Invista no seu crescimento

A menos que você pertença a uma linhagem de artistas, tomar a decisão “quero ser um/a artista”, para a maioria das pessoas, ainda é algo difícil. Mas uma vez que decidimos seguir por essa via é preciso se preparar. São anos de estudos e prática que nos levarão à construção de uma obra consistente, nada irá surgir por mágica, mas sim por meio de muito trabalho e dedicação. É preciso saber de antemão que esse fazer demanda tempo e que cada pessoa possui um ritmo que deve ser respeitado. Compartilho com vocês um mantra que sempre repito pra mim: errar menos, errar diferente.

A trajetória que vai sendo construída ao longo dos anos é muito importante e essa evolução pode ser identificada nos trabalhos. Assim como a idade de uma árvore pode ser determinada pelos seus anéis de crescimento, os passos de cada artista podem ser observados no conjunto de sua obra.

No Museu Picasso de Barcelona é possível ver as primeiras pinturas, feitas por um Pablo ainda criança/adolescente e já talentoso, mas que ainda não era Picasso. Destaque para o quadro “Primeira Comunhão”, um óleo sobre tela de com 1,66m x 1,18m, pintado em 1896, quando o artista tinha 15 anos. Em 1897 ele receberia uma menção honrosa na Exposição Geral de Belas Artes de Madri com o quadro “Ciência e Caridade” (óleo sobre tela – 1,97m x 2,49m) e em 1937 conceberia Guernica (óleo sobre tela – 3,49 m x 7,77 m).

 

Primeira comunhão - Museu Picasso, Barcelona

Primeira comunhão – Museu Picasso, Barcelona

 

Mercado fine art

Ciência e Caridade – Museu Picasso, Barcelona

 

Mercado fine art

Guernica – Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, Madrid

 

Faça networking e invista na sua visibilidade nas redes sociais. Cursos, oficinas e workshops são importantes tanto para sua formação quanto para a criação da sua rede de contatos. É muito importante manter um portfolio online atualizado, mas também, se possível, um portfolio físico para ser apresentado quando necessário. A participação em concursos, salões, feiras, exposições, premiações, festivais, e afins é fundamental para reforçar o currículo da/o artista que deseja ser representada/o por uma galeria. Cada conquista representa mais um anel do crescimento de uma carreira consistente.

Adicione valor à sua obra Fine Art

Sabemos que a fine art é concebida em, pelo menos, duas etapas distintas. Primeiro temos a criação da imagem em si, seja uma fotografia, pintura digital ou ainda desenhos e pinturas digitalizadas. A segunda etapa é a etapa da impressão, que deve obedecer a uma série de requisitos (papel fine art, impressoras jato de tinta com colorante à base de pigmentos minerais) e a montagem/conservação da obra final. A fine art é assinada e é importante ser acompanhada pelo certificado de autenticidade.

A possibilidade de imprimir quantas cópias sejam desejadas nos obriga a decidir antecipadamente qual será a tiragem (nº de impressões que serão feitas) da fine art. O ideal é que cada imagem tenha um tamanho e uma tiragem. Quanto menor for a tiragem, mais valiosa. Existe a opção de oferecer tiragens de vários tamanhos da mesma obra, mas essa disponibilidade retira um pouco do valor das peças.

É sempre bom reforçar: seja original, encontre sua “voz” e deixe que ela apareça nos seus trabalhos. Tenha honestidade consigo e com os demais, talvez essa seja uma das qualidades mais importantes. O mundo tem mais de 7 bilhões de pessoas com os gostos mais variados possíveis, você não conseguirá atingir todas, ninguém consegue, mas tenha certeza de que existirão muitas delas que apreciarão aquilo que for oferecido por você.

Leia mais: http://finephoto.com.br/fine-art-e-seu-universo/

O tal do mercado

Falar sobre dinheiro é quase um tabu no meio artístico. Mas dentro do modo de vida vigente não é possível escapar desse assunto. Se você não for rentista, irá precisar ganhar dinheiro de alguma maneira para poder se manter, e no caso de artistas isso significa vender suas obras ou se dedicar a mais de uma atividade. Claro que o ideal é a primeira opção.

A internet abriu muitas possibilidades para que artistas pudessem divulgar e comerciar seu trabalho. Mas não podemos descartar a importância que as galerias de arte ainda possuem no que diz respeito ao mercado de arte. Ser representado ainda possui um grande valor simbólico no mundo das artes.

Essa não é uma tarefa muito simples, mas existem algumas dicas para aqueles que querem se aventurar. Faça uma pesquisa de galerias. Agora com as restrições pode ser complicado, mas procure os websites e veja quais estão em sintonia com o seu trabalho, é fundamental contatar aquela que realmente possui afinidade com sua arte. Acompanhe as atividades, esteja presente, faça contatos e veja se elas realizam avaliação de portfolio, essa é uma ótima oportunidade de mostrar seu potencial. Chegue preparado (com relação às informações sobre a galeria e porque ela está em sintonia com seu trabalho) e mostre que você fez a lição de casa.

Já mencionei que reforçar sua presença online e seu networking irá ajudar e muito. Mantenha seu portfolio ou site sempre atualizado, capriche nos textos de apresentação e seja atuante nas redes sociais. Seja criteriosa/o ao participar de feiras e demais eventos, nem toda exposição é positiva. Pesquise edições anteriores e as condições de participação. Como diz o ditado: quem não é visto não é lembrado. E o mais importante: não se sinta constrangida/o por querer vender, apenas não venda a qualquer custo!

Alguns links úteis

Algumas galerias:

Arte Plural Galeria – como o próprio nome diz uma galeria plural: fine art, pinturas e esculturas. Recife – PE

Galeria de Gravura – galeria que além de gravuras tem muita fine art. 1º e-commerce de arte do Brasil. São Paulo – SP

Galeria Lume – também com presença de diferentes disciplinas e linguagens e fine art também. São Paulo – SP

Galeria Chroma – grandes nomes da fotografia contemporânea. São Paulo – SP

Galeria Calixto 36 – galeria de arte colaborativa e multidisciplinar. São Paulo – SP

Editais/Festivais:

Photothings – atenção: convocatória em 11/03/21

Prêmio Pipa

Editais e afins

Mapa das Artes

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