No belíssimo documentário “Caverna dos sonhos esquecidos” (2010), Werner Herzog nos guia pela Caverna Chauvet (sul da França), onde foram encontradas, em 1994, pinturas rupestres de aproximadamente trinta mil anos. Ele nos conta que há cerca de vinte mil anos um deslizamento selou a entrada da caverna, o que fez com que ela se transformasse em uma espécie de cápsula do tempo, preservando, dessa maneira, os desenhos produzidos por nossos longínquos ancestrais. Mas o que as pinturas rupestres têm a ver com Fine Art e mais especificamente com a fotografia?
Para além da necessidade de se expressar outra característica muito importante: a permanência. Sem entrar em maiores detalhes, podemos dizer que a base para a invenção da fotografia foi o desejo de tornar permanentes as imagens obtidas através da câmera escura, equipamento muito utilizado na pintura. Uma verdadeira corrida pela fixação dessas imagens se deu e, oficialmente, a fotografia foi inventada por Louis Daguerre (digamos que ele foi o primeiro a gritar bingo!), na França em 1839.
Com 180 anos a fotografia ainda se propõe a fixar momentos, recortes do nosso cotidiano que sem esse recurso seriam, possivelmente, perdidos. Mas a fotografia só pode entrar no mercado das artes com maior fôlego a partir do desenvolvimento de novas tecnologias de impressão que garantiam à cópia qualidade e longevidade. A impressão Fine Art é um trabalho sério que deve obedecer alguns critérios.
A Hahnemühle é uma fabricante alemã de papéis. Fundada em 1584 – mais uma vez a longevidade – ela produz papéis para fins artísticos ou técnicos, inclusive os papéis utilizados na impressão Fine Art. Ela possui um certificado que é fornecido aos estúdios de impressão e que garante a qualidade das obras impressas.
Para ser certificado alguns itens precisam ser observados, conforme informações fornecidas no site (https://www.hahnemuehle.com/en/digital-fineart/certified-studio.html). A seguir abordaremos algumas das exigências a serem cumpridas:
1) O ambiente de impressão precisa possuir iluminação adequada, com paredes e chão de cores neutras. A umidade deve ser controlada e o local precisa ficar livre de pó e materiais químicos que possam danificar as imagens impressas. A utilização de luvas para o manuseio das imagens impressas e protegê-las adequadamente são itens indispensáveis.
2) Pode parecer óbvio, mas vale a pena ressaltar: o/a responsável pela impressão deve estar familiarizado/a com o fluxo de trabalho de impressão em inkjet Fine Art. Softwares específicos, monitores calibrados e gerenciamento de cor são obrigatórios!
3) Conhecimento e experiência são muito importantes. A impressão Fine Art vai muito além do <control p>. Verificar se o arquivo tem tamanho suficiente para as dimensões pretendidas, auxiliar na escolha do papel (caso necessário) e demais acabamentos, orientar com relação à preservação das obras e, enfim, ter condições de auxiliar o cliente e prover os melhores resultados.
4) A impressora Fine Art é diferente da inkjet comum. Elas comportam de 8 a 12 cores diferentes e utilizam pigmentos minerais que garantem precisão na reprodução da imagem, qualidade e durabilidade à impressão.
5) O estúdio é credenciado por um técnico da Hahnemühle após uma sessão de treinamento e da avaliação feita in loco. Cada estúdio certificado recebe suporte direto contínuo, treinamento e workshops, serviços de criação de perfis e informações sobre produtos diretamente da Hahnemühle FineArt.
Para se aprofundar nas questões de durabilidade visite o site da Wilhelm Imaging Research (http://wilhelm-research.com/index.html). Eles realizam uma série de testes com papéis, pigmentos e impressoras para determinar a “expectativa de vida” das fotografias Fine Art, além de orientações com relação à preservação de outros materiais fotográficos como filmes, películas de cinema, livros, manuscritos e etc.
Possuir a certificação Hahnemühle traz credibilidade ao estúdio, significa estar apto para atender as demandas de fotógrafos, museus, galerias, colecionadores e amantes da fotografia, com qualidade e precisão. A utilização de equipamentos e insumos certificados aliados à expertise do impressor irão garantir longevidade à obra.
Seja para fins comerciais ou particulares/afetivos, os recortes de tempo impressos estarão a salvo e disponíveis para serem revisitados por várias gerações. Ainda não atingimos a mesma duração das pinturas rupestres citadas no início, mas as memórias retidas pela fotografia e transferidas para o papel estarão garantidas por pelo menos duzentos anos. Claro, se observadas as recomendações de conservação!