Processos de Impressão Gráfica

impressão gráfica
Exemplo de cartaz confeccionado em tipografia

Neste texto falaremos sobre algumas alternativas de impressão gráfica. Com a vida extremamente conectada e com o período de restrições imposto por conta da pandemia, passamos boa parte do nosso tempo olhando para as telas, mas não podemos nos deixar levar pela sensação de que tudo acontece apenas no plano virtual. Projetos impressos continuam relevantes. Seja para confeccionar um material de divulgação, catálogos, uma peça específica ou ainda um portfólio, existem muitas opções que atendem as mais diversas demandas. Do exemplar único às grandes tiragens, imprimir é preciso!

Ainda tenho a recordação de infância de precisar ir até um bazar para comprar papel almaço para fazer os trabalhos da escola. Usar recortes de revistas ou jornais e até mesmo aquelas cartelas de letras de decalque. Papel carbono, papel estêncil e mimeógrafo (o de álcool, claro!), papel vegetal para reproduzir mapas e a velha máquina de escrever (artigo de luxo!). Quem foi criança nos anos 1980 sabe bem do que estou falando.

Johannes Gutenberg é o pai da imprensa moderna. Foi ele que criou o sistema mecânico de tipos metálicos móveis que é considerado, por muitos, a maior invenção do segundo milênio. O primeiro livro a ser impresso por esse sistema foi a bíblia. Essa invenção é importante porque ela não representa apenas maior eficiência, mas principalmente a possibilidade de materializar o conhecimento e torná-lo mais acessível. De meados do séc. XV até hoje muita coisa mudou, mas a criação de materiais impressos continua importante.

Ao conceber um projeto precisamos atentar para alguns detalhes. É uma peça única ou terá uma tiragem limitada? São obras que serão expostas? São materiais de divulgação ou um catálogo? Terá algum acabamento especial? Todos os aspectos precisam ser decididos ainda no planejamento, pois a escolha do melhor tipo de impressão vai depender diretamente de qual resultado final queremos, além de nos permitir comparar o melhor custo-benefício. Veja agora alguns processos de impressão gráfica.

Tipografia

Sim, o método Gutenberg ainda é usado! Convites, cartazes, cartões de visita, talões (rifa, nota fiscal, recibo, etc.) podem ser confeccionados via tipografia. Com a chegada do offset, a tipografia foi substituída em várias produções, mas ainda hoje é utilizada, principalmente em projetos mais artísticos. De maneira resumida, é uma técnica onde a tinta é transferida diretamente para o papel com o auxílio de pressão. O texto é composto com os tipos móveis (letras e ornamentos), eles são entintados e um cilindro produz a pressão necessária para a impressão do papel. Essa pressão produz um leve relevo que, junto com algumas falhas e a possibilidade de usar vários tipos de papéis, confere o charme característico da tipografia.

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Exemplo de cartaz confeccionado em tipografia

Linotipia

É um tipo de impressão realizada por uma máquina chamada linotipo. Ela foi inventada pelo alemão radicado nos EUA Ottmar Mergenthaler em 1884. Considerado por muitos o 2o Gutenberg, sua máquina revolucionou a impressão. Através de um teclado era possível compor uma linha de texto, fundida na mesma máquina, que integrava a formação de colunas e páginas. O linotipo representou uma grande revolução, pois, além de maior agilidade em comparação à tipografia, seus impressos eram significativamente mais baratos. Jornais, revistas e livros passaram a ser mais acessíveis, a linotipia representa mais um avanço na democratização do conhecimento. Ela foi substituída por processos mais modernos, mas ainda é possível ver alguns exemplares trabalhando.

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Teclado do linotipo

Rotogravura

A matriz de impressão é gravada em baixo relevo em um cilindro feito geralmente de cobre. Com ótima qualidade, a rotogravura é indicada para grandes tiragens, cada cilindro pode realizar entre 6 e 10 milhões de impressões. Para cada cor é necessária a produção de um cilindro, o que torna o processo mais caro. Bastante versátil pode ser utilizada em produções editoriais (oferece as opções de corte e vinco), embalagens, papéis de parede, de presente, etc.

Flexografia

A flexografia utiliza uma forma feita em borracha (chamada clichê ou fotopolímero), é um processo relevográfico, mesmo mecanismo dos carimbos. Ela foi vista durante muitos anos como bem inferior à rotogravura, mas com avanços tecnológicos e investimentos hoje ela apresenta bastante qualidade. Também muito versátil, pode ser utilizada na área editorial, embalagens e materiais promocionais, além de papéis de parede, TNT (tecido não-tecido), tecidos e também materiais mais rígidos como cerâmicas, fórmicas, ect. Ela é indicada para tiragens maiores, mas o custo de produzir a forma é menor do que o de produção dos cilindros da rotogravura, então é um caso de se avaliar o custo-benefício em relação a outras técnicas.

Offset

Esse é o método mais utilizado no setor gráfico, ele foi desenvolvido a partir da litografia. Indicado para médias e grandes tiragens, apresenta muita qualidade e rapidez, além de ser bastante versátil e possibilitar a confecção de peças em vários formatos. As impressoras offset podem ser classificadas em planas ou rotativas. As impressoras planas trabalham a partir de folhas soltas enquanto as rotativas utilizam bobinas de papel. As planas oferecem melhor qualidade, ideal para impressão de cartões de visitas, folders, panfletos, folhetos, cartazes e livros. As impressoras rotativas são recomendadas para projetos em grande tiragem como revistas e jornais. Também é possível a utilização de cores especiais como Pantone e fluorescentes e até a adição de aromas.

Impressão Digital

É um método de impressão que tem ganhado bastante espaço na produção gráfica. O arquivo é enviado do computador direto para a impressora, dispensando a produção de fotolito. É recomendado para baixas tiragens, possui alta qualidade de impressão, durabilidade e várias possibilidades de acabamento e encadernações. Algumas gráficas aprimoraram o seu uso com a técnica de impressão híbrida, parte do material é produzido no tradicional offset e outra em processo de impressão digital, permitindo um impresso de altíssima qualidade e aplicações de personalizações, tanto de texto quanto imagens.

Serigrafia

Processo de impressão permeográfico que utiliza uma tela de nylon ou poliéster preparada por meio de um processo fotoquímico. Essa preparação transforma a tela em uma espécie de estêncil, uma máscara que determina a passagem ou o bloqueio da tinta. Cada cor exige uma tela. A serigrafia pode ser utilizada nas mais variadas superfícies e suportes, mas seu uso também está relacionado à produção de gravuras, desde que foi adotada por Andy Warhol e a arte pop.

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Produção de serigrafia

Sublimação

Sublimação é o termo que indica a passagem do estado sólido para o gasoso sem passar pelo estado líquido. A partir da descoberta e desenvolvimento de alguns materiais com qualidade sublimática (papéis e corantes) foi possível elaborar a técnica de transferência de imagem com a utilização de calor e pressão. Muito utilizada em materiais promocionais como camisetas, canecas, etc. A sublimação apresenta ótimo custo-benefício.

Hot Stamping

Hot stamping, ou estampa quente, é um método semelhante à tipografia, porém o clichê não recebe tinta, sendo apenas aquecido e pressionado sobre uma tira de material sintético revestida de uma fina camada metálica. Quando a camada metálica é pressionada pelo clichê quente, desprende-se da fita e adere à superfície do material a ser impresso. Esse sistema é utilizado para imprimir detalhes com efeito metalizado. O hot stamping é muito utilizado em monografias, trabalhos escolares, convites, cartões de visita, diplomas, etc. A impressão pode ser feita em livros de capa dura, álbuns ou mesmo em materiais como papelão, calçados ou artigos de couro.

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Exemplo de Hot Stamping

Risografia

Lembra do mimeógrafo que eu citei no começo? Pois é, podemos descrever resumidamente a Riso (para os íntimos) como uma mistura de mimeógrafo e serigrafia. Risograph é o nome da máquina duplicadora/impressora que foi desenvolvida pela empresa japonesa Riso Kagaku Corporation. Suas peculiaridades aliadas ao baixo custo de produção e sustentabilidade fez dessa técnica de impressão uma queridinha de artistas e designers. Como este artigo não é exclusivo da riso eu vou deixar um vídeo que explica a origem, o funcionamento e o resultado das impressões, vale super a pena assistir:

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Exemplo de risografia

Fine Art

Processo de impressão que obedece as recomendações museológicas. É uma obra gráfica criada através de mídias fotográficas, digitais ou tradicionais digitalizadas. A produção física da Fine Art segue um rigoroso processo técnico. A combinação entre uma impressora jato de tinta de pigmentação mineral, especializada nesse tipo de processo, e a imagem produzida pelo artista que é impressa em papéis especiais de algodão ou alfa-celulose. Como resultado, temos uma obra de arte de alta qualidade que pode ter uma longevidade superior a 400 anos.

Saiba mais: http://finephoto.com.br/fine-art-e-seu-universo/

Impressões jato de tinta/laser

Existem muitas impressoras, tanto jato de tinta quanto laser, com ótima qualidade de impressão e que apresentam bom custo-benefício para uso pessoal, provas, montagem de bonecos e até pequenas tiragens. Mas atenção: a impressão jato de tinta continua como a mais recomendada para impressão de imagens.

O método de impressão de um projeto deve ser escolhido de acordo com as características de cada processo, por isso é muito importante conhecer os produtos finais e requisitos/custos de cada um, e também de acordo com a finalidade do seu projeto. Seja uma fotografia em fine art, um livro em offset, um fotolivro em impressão digital, um livro de artista feito na impressora jato de tinta de casa, um zine na riso ou materiais de promoção em sublimação, cada projeto vai demandar, além da criatividade, um método de impressão, um tipo de suporte e um acabamento por isso é recomendado saber como cada um se comporta para fazer as escolhas mais acertadas e evitar surpresas e gastos desnecessários.