A arte pública, a arte que fugiu dos seus espaços tradicionais – museus e galerias – esparramou-se e, em vez de esperar passivamente enclausurada por uma visita, foi ao encontro de seu público, sua audiência, nas ruas e toda sorte de espaços abertos, capturando a atenção e o olhar a laço. Estátuas, monumentos, intervenções, performances e é claro ela, a arte urbana independente, crítica e irônica, que permanece no efêmero sempre em mutação, a mesma e outra, onde artistas podem se fazer gigantes em um mural pintado numa empena cega. Para nós que somos seres duais: beleza e questionamento, arte e vandalismo, mas principalmente inércia e movimento. A cidade é uma enorme coleção de arte.
Beco do Batman, 2016 – Foto: Ana Paula Umeda
Intervenções no espaço público sempre aconteceram, mas a arte urbana como a conhecemos agora iniciou-se nos EUA, com o movimento underground, que foi influenciado por sua vez pela contracultura dos anos 1960. O final da década de 1960 foi um momento de efervescência no mundo: Maio de 68, movimentos estudantis, trabalhistas, Vietnã, Guerra Fria, ditadura militar no Brasil. Toda essa ebulição global que culminava com o fim dos Anos Gloriosos fez surgir movimentos como o Hip Hop e o Punk com suas insatisfações e reivindicações. Contestação e luta que se dava na rua, com muita música, dança e, é claro, muito graffiti e pichações. O pixo é nosso! Sim, uma escrita estilizada genuinamente made in Brasil e mais precisamente em Sampa, mas a street art se fez universal.
Prédio com pixações, 2012 – Foto: Ana Paula Umeda
Abaixo alguns exemplos de arte urbana:
Grafite: desenhos estilizados geralmente feitos com sprays nas paredes de edifícios, túneis, ruas. Há muitas técnicas de grafite e atualmente os trabalhos em 3d chamam a atenção dos críticos.
Estêncil: essa técnica utiliza o papel recortado como molde e o spray para produzir as ilustrações e desenhos nas ruas, postes, paredes.
Poemas: qualquer tipo de manifestação literária que surge no ambiente urbano, seja nos bancos, paredes, postes.
Adesivos: chamado de “sticker art” (arte em adesivo), esse tipo de arte utiliza a aplicação de adesivos pela cidade.
Cartazes: Muito comum esse tipo de intervenção urbana, também chamada de “lambe-lambe”, cartazes (papel e cola) são fixados pela cidade (postes, praças, tapumes, edifícios, etc.). Podem ser feitos manualmente ou impressos.
Estátuas Vivas: muito encontrado nas grandes cidades como forma de entretenimento turístico, as estátuas vivas realizam um importante trabalho com o corpo, os quais permanecem estáticos durante longo tempo, realizando pequenos movimentos. Geralmente estão pintados e caracterizados.
Apresentações: essas apresentações de rua podem ser de caráter teatral, musical, circense (malabaristas, palhaços, etc.), sendo trabalhos solos ou em grupos.
Instalações: são inúmeros tipos de instalações artísticas como exemplos de arte de rua, sejam objetos, materiais distintos, com o intuito de provocar uma mudança no cenário já existente.
Kobra – Porto do Rio de Janeiro, 2017 – Foto: Ana Paula Umeda
A arte urbana, ou street art, pelo mundo
Melbourne
Melbourne, segunda maior cidade da Austrália, ficou conhecida como a capital do estêncil e até chegou a realizar um festival entre os anos 2004-2010. É claro que outras formas de graffiti (li em um site que eles não gostam muito que usem essa palavra) estão presentes na rica coleção de arte urbana da cidade:
Mike Makatron mural – Meyers PlaceHosier LaneBerlim
Berlim, capital da Alemanha. Não se pode pensar na arte urbana da cidade sem recordar do muro que dividiu a capital entre os anos 1961-1989. No lado ocidental o artista veterano Thierry Noir tentou deixar o “muro antifascista” mais colorido e muitos artistas também quiseram deixar as suas contribuições. A queda do muro de Berlim ocorreu em 1989 e dois anos depois o mundo veria a dissolução da URSS:
Shepard Fairey – Obey Giant – Berlim
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