Arte Digital: uma introdução

Arte Digital
Morphogenetic Creations computer-generated digital art exhibition by Andy Lomas, including animation, at the Watermans Arts Centre, west London, in 2016 - Wikicommons

O recente boom do NFT colocou a arte digital no centro das atenções. A possibilidade de tokenizar uma obra e garantir sua autenticidade e originalidade além de gerar a sua valorização permitiu que sua comercialização alcançasse cifras bem robustas dentro do universo das criptomoedas. Bolha ou não a verdade é que a arte digital está cada vez mais próxima no nosso dia a dia, seja nos filmes, programas de TV, games ou redes sociais ela está sempre lá.

Mas afinal, o que é arte digital? Eu gostei da definição geral que encontrei no site Artsy e eu vou transcrevê-la para vocês em tradução livre:

“Uma categoria geral de trabalhos criados com a utilização de tecnologia, seja na forma tangível do hardware, como computadores ou eletrônicos, ou software, como editores gráficos, websites e linguagens de programação. Em alguns momentos chamada de ‘arte computacional’ ou ‘arte de novas mídias’, a arte digital desafia as fronteiras entre os meios. Dos primeiros trabalhos de arte computacional, como as interpretações algorítmicas das icônicas pinturas em grade de Piet Mondrian feitas por Hiroshi Kawano, até a programação e impressão digital nos anos 1960, até o hackeamento do cartucho de Nintendo gerando o ‘Super Mario Clouds’ (2002) feito por Cory Arcangel, a arte digital existe em um constante estado de fluxo com o contínuo avanço e transformação da tecnologia”.

 

Cory Arcangel – Super Mario Clouds, 2002

Quanto mais pesquisamos sobre arte digital mais descobrimos que existe uma gama enorme de subcategorias. A tendência desse número é aumentar com o constante desenvolvimento de novas tecnologias. A seguir veremos alguns exemplos.

 

Arte criada por algoritmos

O algoritmo é uma sequência lógica, finita e definida de instruções que devem ser seguidas para se resolver um problema ou executar uma tarefa. Na arte digital temos vários exemplos de artistas que utilizam as linguagens de programação para produzir uma obra.

Em 2018 o Retrato de Edmond Belamy foi arrematado por US$ 432 mil na Christie’s. Trata-se de um “quadro” produzido com inteligência artificial (IA) que foi impresso e emoldurado. O valor arrecadado foi bem acima das expectativas e foi notícia naquele ano. Seria perfeito se o coletivo francês Obvious, que é o “autor” da obra, não tivesse utilizado o algoritmo alheio. Eles usaram como base o código escrito por Robbie Barrat que não foi creditado à época. Onde normalmente as pinturas são assinadas é possível ver um trecho do código.

Arte Digital

Retrato de Edmond Belamy – Coletivo Obvious

 

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Detalhe da assinatura no Retrato de Edmond Belamy

 

Net Art

Ou Internet Art esteve bem ativa entre o final dos anos 1990 e começo dos anos 2000. Utiliza a internet como base para suas criações. O net artista russo Alexei Shulgin ganhou destaque com suas criações interativas como a obra Form Art (1997) que utiliza o HTML e requer a interação dos espectadores para revelar novas camadas.

 

Arte Digital

Alexei Shulgin – Form Art, 1997

 

Glitch Art

É a utilização de “erros” digitais ou analógicos, como chuviscos ou distorções, deliberadamente em uma obra. Incorporação de arquivos corrompidos ou manipulação física de equipamentos para a produção do mau funcionamento e em consequência a obra.

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Glitch Art by Rosa Menkman – Wikicommons

 

Arte Transmidiática

Performances e instalações imersivas, para explicar irei recorrer a uma definição da autora Luciana Comin que está no site Arte & Multimédia:

“Mas do que se trata a narrativa transmídia? Segundo Comin (2014), é uma resposta artística a um mundo que foi se tornando cada vez mais complexo com o advento da era digital. Advento esse que podemos perceber com a convergência entre os meios de comunicação. É o que o teórico Henry Jenkins (2009) chamaria de ‘Cultura da Convergência’, a possibilidade de criarmos outras formas de arte no ambiente digital, os quais também se expandem e se relacionam com meios tradicionais, potencializando a própria dinâmica do processo criativo e criando um universo de múltiplas possibilidades ao abarcar as mais variadas formas de mídia”.

 

 

Arte Sonora

O som como matéria prima da obra, às vezes é confundida com música experimental ou minimalista, mas também poderia ser uma subcategoria da arte transmidiática:

 

 

CGI

Imagens 3D geradas por computador ou a famosa computação gráfica. Presente em filmes, games, animações e televisão a sua utilização está cada vez mais comum graças ao grande avanço da tecnologia e seu relativo baixo custo aliado à alta qualidade das imagens, em alguns casos é difícil perceber a computação gráfica em uma produção. A parte artística está no desenvolvimento de personagens, cenários e objetos. As cada vez mais famosas esculturas digitais fazem parte deste universo, assim como a animação 3D.

 

 

 

GIF Animado

Formato de imagem com movimento, mas não se trata de um vídeo. Ele é produzido com a junção de imagens de baixa compressão que dão a sensação de movimento.

 

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Travolta confuso

 

Meme

Meme é um conceito da internet que pode abarcar vídeo, GIF’s, imagens estáticas e texto. Suas características mais comuns são os conteúdos de humor, ironia ou crítica e o fato do meme viralizar.

 

Arte Digital

Nazaré Tedesco confusa

 

Pixel Art

É bem fácil reconhecer uma pixel art, ela tem como base a estética dos computadores e games de 8 ou 16 bits. Ela é propositalmente pixelizada e bastante comum na internet.

 

 

Pintura Digital

É criação de pinturas e ilustrações por meio da tecnologia. A utilização de computador e/ou mesa digitalizadora mais os softwares indicados permite ao artista a produção de obras com precisão e riqueza de detalhes além de permitir a emulação de técnicas como aquarela ou óleo, por exemplo.

 


Poesia Digital

A poesia também incorporou a tecnologia e ganhou movimento e som:

 

 

Criptoarte

É a obra digital tokenizada (transformada em NFT), assinada e autenticada em uma blockchain. Esse processo atesta que se trata de uma obra única e original. Ficou em evidência com a venda da obra do artista Beeple por US$ 70 milhões.

 

 

Estes foram alguns exemplos de arte digital. Como já mencionado, essa é uma área em constante aperfeiçoamento e mudança e tem se mostrado cada vez mais promissora. Se a sua arte digital (de atuação ou favorita) não está aqui escreva sobre ela nos comentários e nos ajude a contemplar mais possibilidades.

Atenção: a plataforma Homeostasis Lab está com convocatória aberta para artes digitais até 20/04/2021, visite o site: https://homeostasislab.org/ 

Para saber mais sobre NFT acesse: NFT e a corrida do ouro na era digital